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Answer #1

Antes de mais nada, devemos ter cuidado com textos que encontramos na internet atribuídos a algum autor famoso. O contexto da internet tem potencializado bastante o fenômeno da “apocrifia”, a criação de textos “apócrifos”, que são textos cuja autoria é erroneamente atribuída a algum autor famoso. Entre os autores ilustres, a Clarice Lispector é uma das maiores vítimas do fenômeno da “apocrifia” no contexto da internet, e é bem comum vermos textos que ela não escreveu em vida mas que são apresentados como se ela tivesse escrito. Esse poema que tem sido chamado de “Texto desabafo” é um exemplo de texto apócrifo, pois está sendo atribuído à Clarice Lispector, sendo que ela não publicou em vida esse poema entre suas obras, além de possuir um estilo que diverge um pouco do modo como Clarice escrevia. Portanto, cuidado com os textos que você encontra na internet, em sites não muito confiáveis, que atribuem autoria a algum autor famoso. Antes de mais nada, procure a fonte do texto: procure saber em qual livro ou qual publicação o texto foi publicado originalmente, pois isso ajuda bastante em saber se o texto em questão é realmente do autor, ou se não é um texto apócrifo. Quanto ao texto que você mencionou, o uso repetitivo, no início de cada verso, do advérbio “já” parece possuir duas funções na construção poética: > O uso do advérbio “já” no início de cada verso funciona como “recurso reiterativo”, ou seja, ajuda tanto a dar um ritmo especial ao poema quanto ajuda a unificar todo o poema numa determinada forma. O uso repetido do “já” atua como uma espécie de refrão, impondo ao poema uma cadência própria. > O uso repetitivo do advérbio “já” no início de cada poema também funciona como um “recurso semântico”, para marcar a atitude de superação do eu-lírico frente aos problemas, sofrimentos, dores, dificuldades que ele narra ao longo dos versos. Observe que o advérbio “já” é seguido sempre de um verbo no pretérito perfeito, indicando que as experiências narradas aconteceram num determinado passado, e já não acontecem mais. Com isso, pelo teor do poema, percebemos que o eu-lírico está enfatizando a sua situação presente de poder olhar para um passado sabendo que aquilo foi superado.

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